junho 15, 2016

Sexo Surpresa.

“Aonde vai parar a sociedade que...” A sociedade nunca vai parar, ela vai sempre continuar. É preciso ter consciência da própria pequenez para compreender que estamos sozinhos e somos menos que uma vírgula no grande livro do todo.
A sociedade hipersensível se magoa com o que nos mantém vivos;a expressão. Experimente falar qualquer coisa. QUALQUER COISA. A menos que você tenha cometido a infantilidade de excluir todos que discordam de você, sempre haverá a chance de ferir alguém. Permanecemos na inércia da ignorância. Falo por mim também, sempre.

          Sou hipersensível com as minhas lutas que estão contidas quase sempre em lutas maiores. A legalização da maconha, o playboy fascista, o machista, o opressor. Entretanto, me vejo entre amigos maconheiros fascistas, playboys opressores, machistas comunistas... E só consigo pensar em quão perdidos estamos em nossas próprias contradições.
         
         Estamos banhados por uma hipocrisia que não deveria condizer com os novos tempos. O preconceito é natural, visto que não há como se relacionar com o mundo sem um (pré-) conceito sobre a realidade. Imagine que está na sua frente uma parede branca e alguém pergunta o que você está vendo. Você responderá: estou vendo uma parede branca. Em seguida é pedido que você diga o que está atrás dela, sua temperatura e consistência. Você não saberá responder as duas primeiras perguntas, pois são infinitas possibilidades. Você poderá imaginar se é quente ou fria, se há um lindo mar ou um enorme esgoto atrás dela. Mas a última pergunta você responderá objetivamente: pesada, de concreto, dura e intransponível. Eis que é revelado que não se tratava de uma parede, que o que você viu não era o que o seu cérebro interpretou. Você se enganou.
           
            É a teoria da alegoria da caverna dando voltas no niilismo moderno. Uma sucessão de erros, enganos e contradições, que nos fazem seguir parados no mesmo lugar. A revolta frente às injustiças sempre será visceral. Mas estamos caindo num poço de ilusão reacionária quando agimos no impulso de defender um mundo completamente bom. O bem e o mal fazem parte da dimensão da existência.  O desequilíbrio está em externalizar o preconceito, o ódio e a raiva tolhendo o direito individual do outro, tornando a sobrevivência impossível.
      
             Estamos com medo e somos acuados por nós mesmos. Caímos na armadilha do sistema (seja ele qual for) de nos conformar com a tragédia que não nos atinge. Enquanto isso, enfiamos as garras no que nos incomoda. Ferimos, rasgamos, pisamos e humilhamos quem pensa diferente de nós. Somos absolutos em nossas convicções e vontades. Queremos direitos ilimitados e queremos agora. Deixaremos para as próximas gerações a missão de limpar as impurezas não só dos oceanos, mas também a da nossa própria alma.

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