outubro 10, 2010

Consciência.


São realizados por ano mais de um milhão de abortos clandestinos no Brasil, o perfil da mulher que o pratica é de 20 a 29 anos, católica e em união estável. Entretanto, a questão vem sendo explorada como peça de campanha presidencial devido à condição primitiva da sociedade brasileira que segue no atraso, na falsa moral e na hipocrisia. A polêmica gerada em torno do tema chega ao viés leviano, serve apenas para distrair a população do que realmente interessa; os planos de governo. Não compete ao presidente decidir sobre o tema e sim aos deputados federais que devem criar leis e protegê-las.

A questão é um caso claro de saúde pública e é tomado como algo que fere a moral e os valores da família. O aborto é praticado principalmente por mulheres das classes média e alta, dentre elas 20% morrem durante a cirurgia ou têm complicações posteriores. Sem serviço público adequado a mulher é obrigada a recorrer ao aborto clandestino correndo sério risco de morte.
A maioria das mulheres jovens e pobres no Brasil que não tem condições financeiras nem psicológicas de criar dignamente um filho, mesmo assim tem um por ano – cada filho um bolsa família. Um ciclo vicioso e alienado faz que a mulher perca perspectiva de vida e repasse essa apatia para cada rebento produzido com intuito de garantir a sobrevivência dos demais.

Não há informação quando não há consciência. Uma sociedade arcaica como a brasileira é doutrinada à consciência coletiva*.O brasileiro se deixa levar pela emoção popular. A falta de educação e cultura são fatores determinantes nesta questão. O comodismo deixa que o pensamento seja aceito sem análise, o que resulta na legitimação da opinião coletiva em detrimento da consciência individual.

A Igreja Católica ainda é mais um instrumento de manipulação em massa apesar da vertiginosa decadência nas últimas décadas. Suas contradições são ignoradas por fiéis e ingênuos seguidores. A teoria de que o Mal é representado pela luxúria (dentre outros pecados) e o Bem pela divindade da vida está impregnada no consciente coletivo.

O aborto no Brasil é, sobretudo, um TABU sensacionalista que pune mulheres que prezam o direito de serem donas do próprio corpo. O machismo e a ignorância geram um entendimento superficial sobre a prática além da teoria, o que prejudica o país e seu desenvolvimento.





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